Distúrbios de Sono nas Crianças: o que fazer?

O sono é um dos fatores que garantem o bom funcionamento do corpo, seja dos adultos ou das crianças. Você já parou para pensar se o seu(sua) filho(a) dorme bem? Segundo um estudo realizado neste ano, em Shaanxi, na China, com 320 crianças e adolescentes, 21% estavam apresentando quadros de distúrbio de sono, e 14%, pesadelos. Embora comuns, esses distúrbios são dificilmente diagnosticados em consultas médicas pediátricas, muito pelo fato de que alguns pais não acreditam que isso seja uma questão da medicina, e acabam por omitir tais informações.

No entanto, cabe o alerta: quando a intervenção ocorre de forma tardia, esse problema pode persistir por anos. É fundamental acompanhar o comportamento da criança em relação aos momentos de descanso, que é quando se recupera as energias, otimiza o metabolismo e regulariza as funções hormonais essenciais para um bom desenvolvimento do corpo e mente.

Como funciona o sono

O sono é fisiológico, ou seja, é regulado pelo relógio biológico ou Ciclo Circadiano. Isso significa a ideia de que todo organismo vivo no planeta Terra responde ao Sol. Os seres, portanto, têm seu comportamento determinado pelo ciclo de rotação da Terra, feito em 24 horas. É ele que aciona e regula funções vitais de nosso comportamento, como o sono, o metabolismo, a temperatura corporal e os níveis hormonais. 

De acordo com a National Sleep Foundation, conforme a idade, recomenda-se um período específico de horas de sono:

Recém-nascido (0 a 3 meses): 14 – 17 horas de sono por dia;

Bebê (4 a 11 meses): 12 – 15;

Criança (1 a 2 anos): 11 – 14;

Pré-escolar (3 a 5 anos): 10 – 13;

Idade escolar (6 a 13 anos): 9 – 11;

Adolescente (14 a 17 anos): 8-10;

Jovem e adulto (18 – 64 anos): 7 – 9;

Idoso (+65 anos): 7 – 8.

A pandemia e os distúrbios do sono

O contexto da pandemia altera profundamente a rotina e programação anteriormente estabelecidas. O isolamento e o acúmulo de estresse interferem na regulação do sono, que é essencial para o desenvolvimento infantil. Há, ainda, evidências da influência desses fatores sobre a plasticidade cerebral, que é a propriedade do sistema nervoso que permite o amadurecimento de alterações estruturais em resposta a experiências e estímulos repetidos. Consequentemente, o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança acaba sendo afetado. 

Os principais sincronizadores do sono são os horários dos compromissos. Sem eles, podemos perder a quantidade e/ou qualidade do sono, criando ainda conflitos de incompatibilidade de rotina, quando em contexto familiar. Toda essa mudança ocasionada pela pandemia do Novo Coronavírus demanda um processo de readaptação, o que, para crianças, pode ser mais demorado do que se imagina.

Insônia

A insônia é uma disfunção de sono que impacta entre 20% e 30% das crianças, conforme o artigo Distúrbios do Sono na Infância, de Camila dos Santos El Halal e Magda Lahorgue Nunes. Os sintomas característicos são: dificuldade de início ou manutenção do sono, despertar mais cedo que o desejado e dificuldade de adormecer sem intervenção dos pais ou cuidadores. Muito comum também nas crianças de até 12 anos, a insônia comportamental, ao contrário de uma doença, é uma adoção de comportamentos e rotinas desfavoráveis ao sono adequado.

Dessa forma, estabelecer limites de horários é extremamente importante, para evitar que a insônia ocorra pelo simples hábito inadequado. Além disso, deve-se estar atento aos sinais de ansiedade, mudanças de humor ou comportamento, bem como sintomas físicos como dor ou cólicas, otite, refluxo, crise de asma ou obstrução das vias aéreas. É fundamental também entender se a criança está tomando algum medicamento que possa ter influência, como, por exemplo, estimulantes ou remédios para déficit de atenção.

Distúrbios respiratórios do sono

Muito comuns também são os distúrbios nada relacionados a comportamento, mas sim à respiração. Essa especificação abrange anormalidades de respiração e ventilação, que obstruem parcial ou completamente as vias aéreas superiores (VAS), causando um aumento de esforço respiratório. 1 a 5% das crianças são afetadas com essa dificuldade, principalmente entre 2 e 8 anos.

Entre os fatores de risco, estão as ocorrências familiares de SAOS (apneia obstrutiva do sono), prematuridade, obesidade e doenças neuromusculares. A longo prazo, esses distúrbios respiratórios de sono podem levar a problemas estaturais, hipertensão arterial sistêmica e hipertrofia ventricular direita. Os sintomas são variados:

  • Dificuldade para respirar em, ao menos, três noites por semana;
  • Enurese noturna secundária (xixi na cama, de forma involuntária);
  • Hiperextensão cervical durante o sono;
  • Cefaleia matinal (dor de cabeça);
  • Sonolência diurna, desatenção ou hiperatividade;
  • Dificuldades na aprendizagem.

Dicas que ajudam a evitar distúrbios do sono

Considerando que a insônia comportamental é muito frequente entre as crianças, existem algumas boas práticas que podem ser seguidas para que se construa uma rotina saudável e propícia para um sono adequado.

Jantar leve

A última refeição realizada deve ser, pelo menos, 3h antes do sono, para que seja possível uma digestão adequada. O jantar, portanto, além de cedo, deve ser leve. É bom evitar as comidas com açúcar ou cafeína pois elas proporcionam energia. 

Estabelecer horários

Apesar da pandemia ter confundido a rotina, é essencial estabelecer horários. Reproduzindo sempre os mesmos hábitos e evitando alterações aleatórias – sem explicação ou motivo -, a criança conseguirá ajustar o seu relógio biológico, regulando os ritmos vitais e de controle de sono. Considerando o tempo recomendado de sono de cada faixa etária, deve-se buscar estimulá-lo um pouco antes. Ou seja, se a criança irá dormir às 21h, para fechar as horas necessárias de sono, a partir das 20h ela já pode estar deitada, evitando o uso de eletrônicos, em processo de relaxamento.

Uma dica é utilizar o Reloginho tá na hora de que?, facilitando a negociação do horário com a criança: a combinação pode ser que ela pode ficar acordada até o ponteiro chegar na hora de dormir.

Ambiente confortável para o sono

Criar um ambiente atrativo e relaxante no quarto é super importante e facilita muito. Coloque na cama objetos que a criança gosta, e que a fazem se sentir acolhida. A iluminação em tons mais quentes e indiretos também estimula a tranquilidade e a calma, respeitando o Ciclo Circadiano. Um ponto que merece atenção também é: qual a visão do seu(ua) filho(a) em relação ao ambiente em que dorme? Evite colocar a criança de castigo – ou naquele “cantinho do pensamento” – na cama, por exemplo, pois assim ela irá criar uma associação ruim com o ambiente de sono.

Uma dica é realizar a leitura de alguma história, mas sempre com um ambiente silencioso, em baixo tom de voz, e sem excesso de agitação. Aproveite a sessão de livros da BBDU!

Juliana Martins
Psicóloga | Mãe da Duda | Criadora da BBDU

Como ajudar seu filho a manter a qualidade no sono

Dormir bem é de extrema importância para a saúde das crianças, sendo algo necessário para o seu desenvolvimento e crescimento saudável.  Diz o professor Russell Foster, responsável pela cadeira de Neurociência Circadiana e chefe do Instituto Circadiano de Sono e Neurociência da Universidade de Oxford: “O sono é o nosso comportamento de saúde mais importante”, “ele afeta tudo, do nosso funcionamento no dia-a-dia à nossa saúde física e mental de longo prazo”, disse Foster ao HuffPost UK Lifestyle. Dessa forma, como ajudar os pequenos a dormir melhor e adquirir bons hábitos para uma boa noite de sono? Confira os passos a seguir:

1.           Desacelere

Se seu filho vai dormir às 19h30, a casa toda precisa desacelerar a partir das 18h30. Coloque um jazz, abaixe a luz – a ideia é sinalizar para o seu filho que o sono está chegando.

2.           Crie uma rotina

Organize as atividades que precedem o sono e repita esse padrão diariamente. Dessa forma, isso ajuda o cérebro da criança a se preparar para o momento de dormir e facilita a indução do sono. Exemplo: contar uma historinha antes de dormir.

3.           Ambiente favorável

Mantenha um ambiente favorável para uma boa noite sono. Você pode, por exemplo, colocar músicas de relaxamento no quarto para ajudar a acalmar a criança, caso o ambiente esteja com muito barulho.

4.           Desligue as telas

Recomenda-se que as crianças fiquem longe da TV ou do iPad pelo menos uma hora antes de dormir. Esses aparelhos interrompem seus ritmos circadianos naturais e suprimem a liberação de melatonina, hormônio que ajuda a adormecer.

Luciana Tisser é psicóloga, especialista em Neuropsicologia e em Grupoterapia além de mestre e doutora em Ciências da Saúde – Neurociências e autora de diversos livros infantis e instrumentos de acesso nesta área.

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Medo Noturno

Olá, Papai e Mamãe! Tudo bem?

Hoje vou falar sobre essa emoção, que as vezes é difícil de lidar, principalmente quando acontece no momento do sono. O medo pode levar a dificuldade para iniciar o sono ou, até mesmo, prejudicar uma boa noite de sono dos pequenos. Crianças com medos noturnos, geralmente têm dificuldade em dormir sozinhas, ao despertar a noite solicitam atenção dos pais e muitas vezes ficam acordadas sozinhas durante a noite.

Os tipos de medos noturnos variam de acordo com a idade, crianças de quatro a seis anos, por exemplo, apresentam medos do escuro, de ficarem sozinhas, de monstros e situações imaginárias. Os medos de crianças de 7 a 11 anos estão associados a perigos reais, como ladrões e violência. Em diferentes idades o medo de perder os pais também é presente.

Se o seu filho acorda durante a noite assustado, chorando, muitas vezes demandando sua presença, isso não necessariamente é um medo noturno, pode ser que ela tenha tido um pesadelo. Crianças muito pequenas têm dificuldade para dizer o que aconteceu, por isso as vezes é difícil para os pais identificar quando é um e quando é outro. Vamos diferenciar então o que é pesadelo e o que é medo noturno.

O pesadelo acontece na fase REM do sono, é uma fase menos profunda do sono, é aqui que os sonhos e pesadelos acontecem. Os pesadelos são muito comuns, estudos apontam que 80% do conteúdo do sono, de alguma forma provoca sensações ruins, conhecidas como pesadelos. Quando isso acontece com crianças pequenas, de 3 e 4 anos, há uma dificuldade para diferenciar o que é ilusão e o que é realidade, tendo dificuldades para relaxar e voltar a dormir. Em casos de pesadelos, vocês pais, podem acalmar e consolar a criança; explicar que o que ela sonhou não é de verdade; deixar com a criança algum objeto que ela goste e desenvolver uma rotina relaxante, um ritual do sono, para que ela possa dormir mais facilmente.

Já o medo noturno acontece na fase “não-REM”, uma fase mais profunda do sono. Embora pode causar espanto nos pais, é algo natural e que pode acontecer com algumas crianças. De acordo com o seu crescimento, esses episódios tendem a ficar cada vez mais raros, até desaparecer por completo.

No medo noturno, a criança pode manifestar sinais de pânico, conversar, gritar, chorar, se debater, sentar na cama, abrir os olhos, mas ainda assim ela continua dormindo, não nota a presença dos pais e depois nem se lembra do que aconteceu. Nesses casos, vocês pais, podem tocar a criança, acalmando-a e esperar o momento passar; não é necessário acordá-la.

Medos noturnos são comuns durante o desenvolvimento infantil, quando aparecem de forma tranquila e transitória podem ser superados pela maioria das crianças. Porém, para algumas crianças, o momento de ir para a cama representa uma grande dificuldade, associada ao medo noturno severo e pode atrapalhar o desenvolvimento do sono da criança. Nesses casos, é necessário buscar uma ajuda especializada.

Espero que tenha gostado do texto de setembro!

Um abraço e até o próximo!

Amanda Ferraz – Psicóloga parceira BBDU

amandafoliveira1@gmail.com

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