O Brincar como linguagem da criança

Quando se pensa no universo infantil, brincar é coisa séria. É por meio de jogos, fantasias e, sobretudo, da criatividade que as crianças se relacionam entre si e com o mundo. Além do caráter lúdico, essas atividades estimulam o divertimento e o aprendizado dos pequenos.


             A criança e o brincar são contextos indissociáveis, o brincar é tão essencial à criança quanto o trabalho é para os adultos. Não se pode pensar na ideia de ter uma criança sem dar-lhe tempo e propiciar-lhe momentos de ser e de se sentir criança. A criança que não brinca não aprende, não tem interesse, não tem entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve afetividade. Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não convencionalmente, mas para se expressar e demonstrar seus sentimentos, suas vontades, suas inquietudes.

Ao brincar, a criança expressa suas emoções, expõe suas habilidades e dificuldades, e mostra aos adultos suas conquistas; mostrando a apropriação de uma linguagem diferente, característica do desenvolvimento infantil. 
Ao brincar de carrinho, por exemplo, a criança assimila fatos que ela vê e observa na vida cotidiana; além de repetir o que vê o adulto fazendo, ela incorpora e repete na brincadeira. Se ela brinca com o carrinho de forma agressiva, batendo em objetos, fazendo o carrinho capotar, ela simplesmente está tentando se comunicar, repetindo com seus brinquedos cenas da vida doméstica e comportamentos dos adultos, utilizando-se desta linguagem para dizer que “foi isso que ela aprendeu”, daí a necessidade mediadora nas múltiplas ações do brincar e atenção ao exemplo. 

É brincando que a criança aprende, e observando que ela incorpora, é através de brincadeiras que a criança expande seu mundo e amplia seus conhecimentos.

As transformações sociais, políticas e econômicas que têm ocorrido em nossa sociedade e as mudanças tecnológicas contribuem para a diminuição dos espaços públicos de lazer, além disso a crescente insegurança impede o brincar nas calçadas, praças e parques. Hoje, a televisão, o computador e os jogos eletrônicos estão cada vez mais presentes no cotidiano de grande parte das crianças. Ou seja, as mudanças na sociedade transformaram significativamente a maneira de brincar.

A brincadeira é uma rica fonte de estímulos ao desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança e também contribui para o seu processo de socialização e auto expressão. O brincar, além de ser um facilitador do desenvolvimento infantil, é a forma que a criança possui para se comunicar com o mundo, expressar seus sentimentos, conviver com as diferentes emoções, conhecer seu próprio corpo.

Por meio da brincadeira, as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si mesmas e sobre o mundo que as cerca. Nesses momentos lúdicos, elas criam situações imaginárias que surgem a partir dos conhecimentos de mundo que já possuem, antecipam vivências, imitam os adultos.

A ideia, difundida popularmente, de que o ato de brincar é um simples passatempo, sem funções mais importantes que a de entreter a criança em atividades divertidas, não leva em consideração que a brincadeira é capaz de oferecer às crianças uma ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e tomada de consciência, como: ações no campo imaginativo, formação de planos da vida real, e oportunidade de interação com o outro, que, sem dúvida, contribuirão para o desenvolvimento da criança.

É brincando que as crianças se desenvolvem de forma completa, integrando seus corpos, gestos, movimentos, suas linguagens (verbais e não verbais), suas atitudes e comportamentos, suas emoções, sua cognição, sua sociabilidade, seus valores e suas criatividades.

Portanto, oferecer oportunidades de as crianças terem contato com a natureza, com espaços variados, com diversos materiais e repertórios lúdicos, ou de construírem seus próprios brinquedos, é uma forma de contribuir para sua saúde e integridade mental, física e emocional: são processos, vivências e aprendizados permanentes.

E o mais importante, além de incentivar o brincar, brinque com seu filho. Tire um tempo do seu dia e se dedique a isso, fará total diferença no desenvolvimento dele e na relação de vocês. Aproveite esse mês de férias e façam atividades diferentes, piqueniques no parque, andar de bicicleta, criar brinquedos, inventar brincadeiras… A presença dos pais na brincadeira dos pequenos é muito significativa.

Amanda Ferraz – Psicóloga parceira BBDU

amandafoliveira1@gmail.com

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