Hoje eu queria falar como os múltiplos relacionamentos na vida de uma criança podem ser benéficos e devem ser estimulados. Não só em seus grupos de amigos, mas também com seus cuidadores. Infelizmente na sociedade atual os núcleos familiares estão cada vez menores e com a insegurança de nosso país, crianças são cada vez menos expostas a múltiplos relacionamentos.Uma criança que vive somente com seu núcleo familiar mais próximo (pai e mãe) perde a oportunidade de ver as coisas sob outras visões, de saber que pode ser cuidada mesmo quando os pais não estão e principalmente que existem várias formas de ver a mesma coisa.
Com isso não estou dizendo que os avós podem desautorizar os pais ou qualquer cuidador. As regras definidas no pequeno núcleo familiar devem ser sempre combinadas com quem quer que esteja cuidando da criança, no entanto, quando ela convive em outro ambiente ela pode observar que o funcionamento da casa é diferente, que o relacionamento do vô e da avó pode ser diferente da forma como o pai e a mãe se tratam entre outras tantas diferenças que poderão ser observadas quando a criança convive com avós, dindos, tios e até pais de amiguinhos.
Esta diversidade irá ajudá-la na vida adulta, afinal precisamos lidar e conviver com muitas pessoas diferentes, com estilos de vida diferentes do nosso e em vários ambientes diferentes (trabalho, escola dos filhos, lojas, condomínio, academia entre inúmeros outros).
O ser humano é um ser social e crescemos muito nesta troca, saber se colocar no lugar do outro e respeitar o outro é fundamental para uma melhor convivência. E também é nossa responsabilidade como pais ensinar isso a nossos filhos e proporcionar a eles situações em que possam treinar e desenvolver esta habilidade.
Antigamente esta convivência com múltiplas pessoas era bem maior, as famílias eram maiores, se encontravam mais e as crianças conviviam mais umas com as outras não só no ambiente escolar, como também na rua. Hoje isso se perdeu e o que estamos vendo são crianças cada vez mais egocêntricas, que não sabem se relacionar, não sabem dividir, não toleram conflito e chegam no mercado de trabalho e tem muitos problemas, pois não sabem trabalhar em equipe e muito menos toleram frustrações, querem tudo para ontem e não conseguem esperar por uma promoção por merecimento.
Sei que muitos pais e mães não tem uma rede de apoio familiar e isso não é uma escolha, é o que é. No entanto, quando isso ocorre, sempre é possível tentar proporcionar para criança uma maior convivência com outros núcleos para que ela possa experimentar diferentes culturas familiares, diferentes experiencias de relacionamentos.
E essa era a minha proposta para hoje, refletir sobre como hoje em dia por esta falta de convívio social a sociedade está mudando, estamos perdendo algumas oportunidades de treino social na infância que antes eram muito naturais e você não veria ninguém falar sobre isso, mas o mundo mudou e nós podemos minimizar um pouco este impacto que a insegurança, a diminuição das famílias e até mesmo a tecnologia tem imposto as crianças estando atentos e estimulando sempre que possível a ampliação da rede de relacionamentos da criança. Isso irá ajuda-la lá na frente seja como um instrumento de prevenção ao bullying (sim, crianças que sabem se relacionar melhor tem menos chance de sofrer ou cometer bullying) seja no mercado de trabalho.
Um beijo,
Juliana