O post de hoje será um pouco diferente, um pouco mais pessoal.
Eu tive o privilegio de ficar o primeiro ano da vida da minha filha em casa sem trabalhar. Foi um privilégio por que tivemos infinitas horas de carinho, de sonecas juntas, de brincadeiras. Quando ela fez um ano voltei a trabalhar. Atualmente só trabalho algumas horas por dia, mas durante estes meses pude constatar que dá muito trabalho ficar o dia todo em casa com o filho. Trabalhar e cuidar do filho então, dá muuuito mais trabalho. Quando chegamos em casa, estamos cansados, sem energia e eles a mil por hora nos esperando para compartilhar brincadeiras, momentos, etc.
Com o passar dos meses comecei a perceber que quando chegava em casa não passava muito tempo brincando com a minha filha, coisa que durante o seu primeiro ano de vida fazíamos o tempo todo. Isto começou a me incomodar por que eu trabalho com isto e sei da importância que tem a presença ativa dos pais nas brincadeiras dos filhos.
Às vezes acreditamos que o que realmente importa para o desenvolvimento é a presença máxima no primeiro ano de vida do filho ou que como o filho já vai na escola la eles brincam o tempo todo então não precisa dedicar tanto tempo para brincar com eles. Mas estamos esquecendo uma parte fundamental, o desenvolvimento emocional desta criança, é ali justamente que a presença constante e íntegra dos pais é fundamental.
Quando nos referimos à presença íntegra é se desconectar do mundo para brincar com o filho. Nada de telefone ou televisão. Momentos para criar novas brincadeiras, acompanhar os novos aprendizados, ensinar novas coisas ou simplesmente estar presente observando a criança brincar.
Na teoria sei da importância, mais na prática quando chegamos cansados em casa é muito mais fácil colocar um desenho para a criança assistir em quanto ficamos deitados no sofá.
Por isto criei uma regra para mim mesma: pelo menos três vezes por semana vou ficar brincando integralmente com a minha filha desde a hora que ela chega da escola até a hora do banho. Com esta regra tenho conseguido ficar com ela, desligar de tudo e simplesmente estar juntas. Acredito muito que isto é tudo o que ela precisa, sentir que os seus pais estão junto dela, e que é junto com eles que ela vai aprendendo e entendendo a vida.
Gostaria de levar vocês a refletirem sobre o tempo que realmente dedicam a brincar com os seus filhos. Não interessa a idade, em todas as fazes a presença de vocês é fundamental. Eu sei que as vezes não é fácil, mas acredito que fazendo um esforço todo mundo consegue se organizar para compartilhar mais momentos com os seus filhos.
Para finalizar a reflexão vou citar alguns textos da Evania Reichert do seu maravilhoso e super recomendado livro “Infância. A idade sagrada”
“Nascemos incrivelmente inacabados. O desenvolvimento inicial do cérebro humano demora vários anos para se completar e depende de bons vínculos para preservar a suas sinapses e estabilizar as redes neuronais. O alarmante é que o período mais rico e sensível do desenvolvimento cerebral humano muitas vezes não recebe das famílias e dos cuidadores a atenção necessária para um saudável desenvolvimento psicológico. Há uma forte preocupação com a alimentação e com a saúde física dos pequenos, mas pouca consciência dos danos emocionais e físico que são gerados pela falta de qualidade no contato afetivo”.
“O modo de interação dos pequenos com o ambiente, e vice-versa, marcam positiva ou negativamente cada fase, com comprometimentos que podem atingir a formação do caráter, a saúde física e psíquica. Em cada etapa, desde a gestação, os desafios de integração são diferentes. Para vencer esses momentos delicados, a criança necessitara do entendimento e do acolhimento de seus cuidadores”.
“O cuidado afetivo, atento e estável permite ao lactante e a criança pequena desenvolver normalmente funções como a linguagem, o intelecto e a regulação emocional”.
“As crianças de classe social privilegiada, mesmo tendo um espaço protegido e desfrutando de melhores condições materiais, muitas vezes também não experimentam a infância como um tempo idílico e afetivamente protegido. É cada vez mais frequente eles viverem bastante solitárias, desenvolvendo pseudovalores éticos e materiais, sempre com a agenda lotada de atividades. Na atualidade, são muitas as crianças de famílias de posse que revelam dificuldades nos relacionamentos. Afinal, contato e afetividade, básicos até mesmo para quem as conexões neurais do nosso cérebro se estabilizem, não podem ser obtidos apenas por meio de dinheiro e conforto material”.
Licenciada em Psicomotricidade Manuelita Dotti
dottimanuela@gmail.com
tel. 9304.1935
Me encantei em ler o texto,perfeito para as mães modernas que não possuem um tempo especial para seus filhos…..
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Perfeito!!! Sou mãe e educadora de infancia… Concordo plenamente com cada linha do texto, ofereço o meu tempo sem interferências à elas e me deixo levar pela diversão… Também eu me divirto e adoro a cumplicidade, o vínculo e a proximidade que criamos entre nós… Só há vantagens em brincar com os filhos 😊
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