Continuando a falar sobre o primeiro ano de vida e na tentativa de abordar todos os tópicos relativos à saúde bucal do bebê seria impossível deixar de fora este assunto tão polêmico. O uso da chupeta é discutido por pediatras, odontopediatras, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, sendo defendido por uns e abolido por outros.
Na nossa opinião, como quase tudo na vida (!), temos um lado positivo e um negativo. Ainda mais que, dependendo da maneira que for utilizada, pode ser benéfica ou trazer prejuízos. Ou seja, a mesma chupeta que pode deixar os dentes e/ou a mordida torta, pode atrapalhar na fala e na amamentação, pode também acalmar e dar segurança ao bebê.
Neste sentido, optamos por listar itens na tentativa de abordar de forma mais dinâmica e completa este assunto:
- Evite a oferta muito precoce, enquanto o aleitamento materno não está bem estabelecido. A sucção do seio materno é bem diferente da sucção da chupeta e isto pode confundir o bebê!
- As crianças são diferentes umas das outras, umas realmente apresentam uma necessidade maior de sugar, muitas vezes não esgotada pelo aleitamento (ainda mais se for artificial) e serão beneficiadas pelo uso de chupeta. Atenção! Muitas vezes optamos por não oferecê-la e nos deparamos com o bebe sugando os dedos ou os lábios.
- Prefira chupetas menores e ortodônticas (chatinhas) já que quanto menor o dispositivo entre as arcadas, menor a deformação.
- O surgimento de alterações nos dentes e nas arcadas está diretamente relacionado à freqüência e à intensidade de uso. Por exemplo, crianças que usam chupeta mais para dormir, logo que adormecem a soltam e não sugam com muita força, dificilmente terão maiores prejuízos. Outro fator importante é a duração do hábito, já que o ideal é removê-lo em média até os 3 anos de idade – claro que isso varia muito de uma criança para outra!
- Para fazer a criança parar, infelizmente (!!!) não existe receita mágica. Acreditamos que ela já deva estar numa idade que compreenda a necessidade de remoção, e que a dependência não seja tamanha que vá substituir por outro hábito (sucção do polegar). Três dicas aqui são importantes.
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- Primeiro que esta parada raramente ocorre do dia para a noite, pois a criança tem um vínculo bem estabelecido com o seu bico, bibi, bubu… (tantos nomes!) e vamos ter que aos poucos construir nela a mensagem de que ele não é mais necessário e, ainda mais, pode ser prejudicial.
- Segundo, este processo será mais ou menos fácil de acordo com a forma como os pais a habituaram com sua chupeta, por isso devemos evitar a dependência excessiva, como o calmante para todas as horas, pois depois mais falta fará!
- Terceiro, na medida em que a criança entende, o uso de quadros, como um “mural de conquistas” é interessante para ressaltar e premiar cada vitória, ou seja, cada etapa da rotina que a criança consegue realizar sem o uso da chupeta (por exemplo, pela manhã, na hora da soneca, na saída da escola, na hora de dormir…). A idéia é que, com o passar do tempo, a criança perceba que já consegue realizar sua rotina sem a presença da chupeta. Esta alternativa é muito interessante para quem optar pela remoção gradual!
Giovana Martins Cezar Dutra
Sou dentista, Odontopediatra, mãe do Otávio e da Cecília.
Formada pela UFRGS em 2001, com Especialização e Mestrado em Odontopediatria nesta mesma instituição.